sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão

Olá meninxs!

Vim falar sobre um filme que me emocionou muito 12 anos de escravidão (Twelve years a slave).

O filme mostra a perspectiva de Solomon Northup, um homem negro e livre que em 1841 é vendido como escravo, que é interpretado maravilhosamente por Chiwetel Ejiofor. 


As primeiras cenas quase não têm diálogos, mas conseguimos captar as emoções pela atuação de Chiwetel Ejiofor, pela trilha sonora de Hans Zimmer (Batman Begins; Piratas do Caribe; O Homem de Aço; Rush - No Limite da Emoção) e pela direção de Steve McQueen que hora nos mostra cenas frias e sem cores e outra hora nos mostra cenas de paisagens coloridas. 

Uma das escolhas de McQueen foi a não valorização da violência, que por vezes anestesia o expectador, há violência, mas é diferente de outros filmes de escravidão que o foco é o chicote nas costas e não os sentimentos dos escravos. Uma cena que mostra bem essa escolha do diretor é primeira cena de violência recebida por Solomon que só conseguimos ver o impacto do ocorrido pela camisa rasgada e levemente suja de sangue, ou a cena em que vemos duas escravas separando algodão no primeiro plano e ao fundo vemos um negro ser castigado e escutamos seus gritos de dor.

Um dos acertos do filme é também mostrar todo o sistema da escravidão, de quem faz o que até a folga nos domingos. Steve McQueen retrata os escravizados como seres humanos, que tem sentimentos, que se envergonham, que tem medo, que tem orgulho. Que sofrem sim com a perda da família. Que tem que fazer coisas horríveis, humilhantes e até agradar quem os escraviza, para sobreviver.

Uma das cenas que mais me emocionou foi o dialogo entre uma escrava que perdeu os filhos e Solomon, que ao ser questionada de o porquê não parava de chorar pelos seus filhos, já que o Mestre Ford (Benedict Cumberbatch) era um homem tão bom, ela responde que o dono de escravos é bom enquanto os escravos renderem, pois eles são gado, Solomon tenta debater dizendo que dada as circunstâncias ele é um homem bom, e ela diz “dada as circunstancias ele ainda é dono de escravos”. Muitas pessoas tentam até hoje defender os donos de escravos falando que na época todo mundo tinha escravos e essa foi a melhor resposta que eu já ouvi.

Muitas pessoas compararam esse filme com Django Livre de Quentin Tarantino, que também é um filme muito bom, mas apesar de terem o mesmo tema  – escravidão – são filmes diferentes, enquanto Django Livre mostra mais o lado fantástico, da vingança, 12 anos de escravidão mostra o lado mais humano,  até mais triste. Porém, os dois tem uma cena em comum, mas enquanto em Django Livre não houve consequências, em 12 anos o castigo é aplicado de uma maneira ou de outra.

Vemos em varias cenas o uso da bíblia, que era uma justificativa para a escravidão.  E uma ótima escolha de Steve McQueen foi valorizar a mulher nesse filme, principalmente as escravas, mostrando o quanto elas sofriam com as perdas dos filhos até de como ser o objeto de desejo do mestre também era uma coisa ruim – explicada em uma frase belíssima “uma visita à noite ou uma visita com o chicote”, mostra também o ciúmes das esposas que descontavam nas escravas.






Patsey (Lupita Nyong'o ) consegue ser não só a parte dramática como a parte doce do filme, tão delicada, tão triste. Protagoniza uma cena tão humilhante e sádica que fica na memória.
O filme coloca questões atuais, como a hiper sexualização da mulher negra, e o manter a cabeça baixa para sobreviver (mas não queremos sobreviver, queremos viver!).



Até a próxima!

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